Pedaços teus...
Vagueio pela casa, a lutar contra o peso nas pálpebras que se querem fechar. Não quero dormir, não quero deixar o dia acabar, mesmo quando a noite já chegou há muito tempo.
Vagueio pela casa, dos cantos espreitam-me pedaços teus. Nas páginas do jornal aberto, nas pontas das cigarrilhas no cinzeiro, na marca do teu corpo no sofá.
Vagueio pela casa, a tua ausência a gritar, absurda, pelo meio da presença que sinto colada à pele.
Vagueio pela casa, com uma lágrima de saudade a espreitar-me entre as pestanas, ainda antes mesmo de ter aceite mais uma despedida.
Finalmente convenço-me a ir para a cama e deito-me, só de um lado, em posição fetal, e fecho os olhos num abraço sobre mim própria, com a força dos teus braços a nascer-me do coração.
Até já...