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Canta-me um hino!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Quase perfeita...

Não chego lá.
Estou tão próximo que a comparação é inevitável. Contudo há sempre uma falha que me afasta da perfeição. Não o suficiente para que não a veja, não conviva com ela. Eu, que nunca aspirei à perfeição, nunca acreditei em pessoas perfeitas, agora queria chegar lá. Queria acertar. Queria ter a estrela que falta para o primeiro prémio do euromilhões.
Fatalmente o dia-a-dia vai-me confrontando com a impossibilidade. Com as minhas limitações. E, mais que nunca, tento. Ser melhor, fazer melhor, superar-me. Para meu infortúnio concluo que essa figura que almejo, essa imagem idílica de mim própria, é uma miragem. Inatingível portanto.
Reduzo-me à minha condição. Vou falhando. Vou ficando um pouco aquém.
Ela ali parada sorri. Nem eu sei se de ironia ou condescendência. Sorri talvez como uma mãe que vê o filho chegar da escola com 99% no teste. “Que bom! Foi quase. Mas foi muito bom mesmo”, diz dividida entre o orgulho e um leve desapontamento mal dissimulado. E o “quase” abate-se sobre a criança. Infeliz por não ter chegado lá. Era só mais um bocadinho… estava quase.
Assim como eu. Quase. E há dias em que o quase é pequeno, imperceptível, e outros em que amplia e a perfeição continua a sorrir já mais longe. Já menos quase comigo.
Um dia, se a agarrar, hei-de fechá-la numa caixa com buracos e nunca, mas nunca mais, a deixo sair de lá.